27 de jul. de 2009

Coração ao vento

Fazemos coisas inconseqüentes em diversos momentos das nossas vidas. Todas as nossas ações são feitas em sã consciência, mesmo aquelas que fazemos em momentos de pura empolgação, de desejo e loucura. Onde a inconseqüência fala mais alto e não escutamos a voz da nossa razão. Escolhemos a direção e nem sempre é o que desejaríamos que estivesse acontecendo naquele exato momento. É engraçado que tudo parece querer acontecer na mesma fração de tempo, sem dar folgas, e acontece sem pedir licença, sem nos deixar programar, amortecer a dor. Eu sei que o que está acontecendo não é só problema meu. E volto atrás, porque no fundo foram as minhas escolhas. Não foi forçado, ninguém obrigou. Mas eu me deixei iludir, fantasiei e não quis enxergar os defeitos, os malfeitos achando que tudo seria superado. As nossas diferenças, as nossas crenças, os nossos costumes, como enxergamos o outro, o amor, a busca pelo saber e tantas outras coisas que nos faz diferentes. Em contrapartida você me deixa segura, me fortalece, é a pessoa que amo, que ilumina, que me ajuda e que me ama. Disso eu tenho plena certeza. Mesmo que o seu jeito de amar ainda precise ser amadurecido, polido para dar certo. E sei que muitas vezes o que te faz menos acolhedor é a sua sensibilidade em perceber que eu não estou bem, que eu estou passando por uma fase que está sendo um turbilhão em minha vida. São muitas mudanças e estou tentando me fortalecer. Mas não é um problema seu, é meu, repito isso quantas vezes for preciso. Até mesmo para minha compreensão de tudo que se passa. Não posso querer jogar isso pra você. Sei que tudo voltará ao normal. Mas não é fácil. A nossa rotina, o nosso caminhar, os nossos dias precisam ser juntinhos, um do outro. Preciso do seu aconchego, do seu aperto e do seu carinho. Estou tentando achar o caminho e não quero me perder, são muitos os descaminhos, as ruas sem saídas. Mas na imensidão de tudo que se passa, na intensidade de tudo que já vivemos, vamos conseguir passar por isso e sermos muito mais felizes, porque estaremos muito mais fortalecidos. Estou correndo para achar o nosso cantinho e voltar para o seu abraço. Mas eu preciso respirar, sentir a brisa bater no meu rosto. Trilhar o meu dia sem o compromisso de contar todos os meus passos, sem bússola, sem gps. Ainda vejo flores nos jardins, mesmo com um céu ainda cinzento, com os dias frios. Vejo luz. Quero me agarrar a esta pontinha de luz para deixar o clarão entrar, sem arder os olhos cansados da solidão.

Imagem: Patricia Petola

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